No que Cremos: Doutrinas Fundamentais
Bem-vindo a esta reflexão sobre as doutrinas fundamentais que moldam nossa fé como igreja batista. Baseado na Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (CBB), este texto busca explicar brevemente nossa compreensão da verdade bíblica e esclarecer possíveis diferenças doutrinárias em relação a igrejas anteriores, como tradições que enfatizam obras humanas, hierarquias eclesiais ou sacramentos como meios de salvação.
A Declaração Doutrinária da CBB afirma que as igrejas batistas se caracterizam pela fidelidade às Escrituras Sagradas, regendo-se exclusivamente pelas palavras de Deus sob a orientação do Espírito Santo. Aqui, apresentamos quatro pilares: a autoridade e suficiência das Escrituras, a salvação pela graça mediante a fé em Cristo, o batismo e a Ceia do Senhor como ordenanças, e a segurança eterna aliada à santificação. Essas doutrinas não são meras opiniões, mas verdades reveladas na Bíblia, que nos unem como corpo de Cristo e nos distinguem de visões que misturam tradição humana com a revelação divina.
1. Autoridade e Suficiência das Escrituras
A Bíblia Sagrada é o fundamento inabalável de tudo o que cremos. As igrejas batistas afirmam que a Palavra de Deus é o conteúdo essencial e fundamental para o processo de aprendizagem cristã e para a vida da igreja. Isso significa que as Escrituras são autoritativas – ou seja, a voz suprema de Deus para o homem – e suficientes, não necessitando de acréscimos como tradições eclesiásticas ou revelações extras para guiar a fé e a prática.
Diferentemente de algumas igrejas anteriores que podem elevar concílios, papas ou tradições ao mesmo nível da Bíblia, cremos que as Escrituras são inspiradas por Deus, inerrantes e completas. Como diz 2 Timóteo 3:16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra". Essa suficiência implica que a Bíblia contém tudo o necessário para a salvação, o crescimento espiritual e a organização da igreja. Na educação religiosa, por exemplo, a Palavra é central para o doutrinamento dos crentes, visando à sua formação espiritual, moral e eclesiástica (João 14:26; 1 Coríntios 3:1-2; 2 Timóteo 2:15).
Essa doutrina unifica nossa fé ao nos ancorar na revelação divina, evitando divisões causadas por interpretações subjetivas ou influências externas. Ela esclarece diferenças com igrejas que veem a Bíblia como insuficiente sem a mediação de uma autoridade humana, como em tradições católicas ou ortodoxas. Em vez disso, cada crente, como sacerdote (1 Pedro 2:9), pode acessar diretamente a Palavra sob a iluminação do Espírito Santo (Salmo 119; Colossenses 1:28; Mateus 28:19-20). Assim, nossa pregação, ensino e decisões da Igreja derivam exclusivamente das Escrituras.
2. Salvação pela Graça, Mediante a Fé em Cristo
A salvação é o coração da nossa fé, e a Declaração Doutrinária da CBB a descreve como um dom gratuito de Deus, outorgado pela graça mediante o arrependimento do pecador e a fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor. Isso contrasta com visões de igrejas anteriores que podem enfatizar obras meritórias, sacramentos ou intercessores humanos como necessários para a salvação. Cremos que "a salvação é individual e significa a redenção do homem na inteireza do seu ser", compreendendo regeneração, justificação, santificação e glorificação (Efésios 2:8-9; Atos 4:12; Isaías 53:4-6; 1 Pedro 1:18-25).
A regeneração é o ato inicial onde Deus faz nascer de novo o pecador perdido, tornando-o uma nova criatura em Cristo (João 3:3-5; 2 Coríntios 5:17; Tito 3:5). Requer arrependimento – uma mudança radical do homem interior, afastando-se do pecado e voltando-se para Deus (Atos 11:18) – e fé, que é a confiança total em Jesus como Salvador (Romanos 10:13). Diferentemente de doutrinas que veem a salvação como um processo dependente de rituais contínuos ou méritos, cremos que o preço da redenção foi pago de uma vez por Jesus no Calvário (Efésios 1:7; Apocalipse 5:7-10). A justificação ocorre simultaneamente, onde Deus absolve o pecador, declarando-o justo pelos méritos de Cristo, não por obras (Romanos 3:24; 5:1; 2 Coríntios 5:21) e recebendo no mesmo instante o Batismo com o Espírito Santo (Ef.1:13).
Essa ênfase na graça soberana unifica os crentes, esclarecendo que a salvação não é conquistada por esforços humanos, como em tradições legalistas ou sacramentais. Em vez disso, é um presente que reconcilia o homem com Deus, concedendo perdão, justiça e paz (Romanos 5:10; 6:23). Para quem vem de contextos onde a salvação depende de penitências ou indulgências, isso traz liberdade: "Pois pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Efésios 2:8). Assim, nossa fé se centra em Cristo crucificado, promovendo unidade ao focar na obra completa de Jesus.
3. Batismo e Ceia como Ordenanças
As ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor são símbolos estabelecidos por Jesus. Elas não conferem graça salvífica, como em algumas igrejas anteriores que as veem como sacramentos regeneradores, mas são atos de obediência que proclamam a fé já recebida. O batismo é a imersão do crente em água, após profissão pública de fé em Jesus como Salvador único (Mateus 3:13-17; Atos 2:41; 8:36-39). Simboliza a morte para o pecado e a ressurreição para nova vida com Cristo, identificando-se com a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (Romanos 6:3-5; Colossenses 2:12). Deve ser ministrado em nome da Trindade (Mateus 28:19) e é pré-requisito para a membresia nas igrejas Batista. Isso difere de tradições que batizam infantes ou aspergem, vendo-o como remoção do pecado original. Para nós, é um testemunho consciente do crente regenerado, não um meio de salvação. Nesse sentido, irmãos oriundos de Igrejas que não seguiram esses princípios deverão ser batizados segundo os princípios acima mencionados.
Quanto a Ceia do Senhor, ela é uma cerimônia comemorativa da morte de Cristo, usando pão e vinho como símbolos de Seu corpo e sangue (Mateus 26:26-29; 1 Coríntios 10:16-17; 11:23-29). Deve ser celebrada com autoexame (1 Coríntios 11:26-28) até a volta de Jesus (Mateus 26:29), proclamando Sua morte redentora até que Ele venha.
Essas duas ordenanças unificam a igreja ao focar no simbolismo bíblico, esclarecendo diferenças com visões sacramentais que as elevam a meios de graça. Elas reforçam a comunidade de crentes, convidando à reflexão sobre a cruz e à obediência, promovendo unidade em torno do Evangelho puro.
4. Segurança Eterna e Santificação
A segurança eterna e a santificação são aspectos interligados da salvação, tratados nas seções V e VI da Declaração. A segurança eterna afirma que a salvação do crente é eterna: os salvos perseveram em Cristo e são guardados pelo poder de Deus (João 10:28-29; Romanos 8:35-39). Isso decorre da eleição soberana de Deus, que escolhe pessoas para a vida eterna pela graça, não por méritos (Efésios 1:3-14; Romanos 8:28-30). Nada pode separar o crente do amor de Deus, assegurando permanência na graça através do novo nascimento, perdão, justificação e selo do Espírito (Efésios 4:30; Judas 24).
Diferentemente de Igrejas que entendem ser possível perder a salvação por pecados ou falhas, cremos na perseverança dos santos pela graça e fidelidade de Deus, não a nossa força. A santificação é o processo que inicia na regeneração e leva o crente à perfeição moral e espiritual em Cristo, pelo poder do Espírito (João 17:17; 1 Tessalonicenses 5:23; Romanos 12:1-2). Manifesta-se na dedicação do crente, produzindo fruto do Espírito e testemunho fiel (Gálatas 5:22; Filipenses 1:9-11). É progressiva, dependendo da obediência, mas garantida pela graça (Filipenses 2:12-13; Hebreus 12:14).
Essas doutrinas esclarecem diferenças com visões que negam a segurança eterna ou veem a santificação como perfeição instantânea. Elas unem os crentes ao equilibrar garantia divina com responsabilidade pessoal, levando à glorificação final (Romanos 8:30; 1 João 3:2).
5. Casamento no civil
A Igreja Batista da Cruz (IBC), fundamentada na Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (CBB), adota uma postura clara sobre a membresia de casais, exigindo o casamento civil como condição para aceitação plena na comunidade. Essa posição reflete a compreensão bíblica do casamento como uma instituição divina, estabelecida por Deus como uma aliança pública e formal entre um homem e uma mulher (Gênesis 2:24; Mateus 19:4-6). A Bíblia apresenta o casamento como um compromisso solene, reconhecido não apenas espiritualmente, mas também socialmente, o que, no contexto atual, inclui o registro civil.
A união estável, embora legalmente reconhecida em muitos contextos seculares, não é aceita pela IBC como equivalente ao casamento para fins de membresia. Isso se baseia na seção XIII da Declaração da CBB, que define o casamento como uma união monogâmica e heterossexual, formalizada perante Deus e a sociedade (Efésios 5:22-33). A ausência do casamento civil pode indicar uma falta de compromisso público e formal, que é essencial para a visão bíblica da aliança matrimonial. Assim, casais heterossexuais que vivem em união estável, mas não são casados no civil, não podem ser membros plenos, pois a membresia requer alinhamento com os princípios doutrinários da igreja.
Essa postura não é um julgamento pessoal, mas uma busca por fidelidade às Escrituras, promovendo a santidade e a ordem na comunidade (1 Coríntios 14:40; Hebreus 13:4). A IBC acolhe todos para ouvir o Evangelho e crescer na fé, incentivando casais em união estável a formalizarem seu casamento - e se coloca para ajudar nesse processo - para participarem plenamente da vida da igreja, refletindo o padrão bíblico de compromisso e testemunho público.
Conclusão
Ao refletir sobre essas doutrinas fundamentais, vemos como a Declaração Doutrinária da CBB nos une em torno da Bíblia como autoridade suprema, da salvação pela graça em Cristo, das ordenanças simbólicas e da segurança eterna com santificação progressiva. Isso esclarece diferenças com igrejas anteriores que podem priorizar obras, sacramentos ou insegurança espiritual, convidando-nos a uma fé pura e bíblica. Como crentes, somos chamados a viver essas verdades, proclamando o Evangelho que transforma vidas. Que essa compreensão fortaleça nossa unidade e nos impulsione à missão, até o dia em que veremos Cristo face a face.
Para mais informações sobre em que cremos, acesse a íntegra da Declaração de Fé da Convenção Batista Brasileira a qual subscrevemos no link abaixo:
https://www.convencaobatista.com.br/site/pagina.php?MEN_ID=22
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